sexta-feira, 26 de abril de 2019

Machado e Sândalo - Kleber Nunes


Emergem em nós
O machado e o sândalo
O sândalo e o machado
Depende...

Floresce da alma
Os jardins que cultivamos
Flores aromáticas
E ervas daninhas

Os opostos de Jung
A anima do deles
O animus delas
Consciente e inconsciente

O Machado dilacera
Será esse seu único fim?
O Sândalo perfuma
Será esse seu intento final?

O Machado é o tapa
O Sândalo a face
Perdoai os que te dilaceram
Diria o Rabi da Galileia

Nem sempre o machado fere, tampouco o sândalo perfuma
Mas a dor costuma fortalecer
E o perfume inebriar
integrá-los é viver

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Despertar - Kleber Nunes


Por algum motivo que conscientemente me escapa
Hoje observei a vida com ineditismo
Tudo me chamava a atenção
Os sons, as cores, as pessoas, tudo...

Uma loucura!

Em alguns momentos me senti fora do ar
Desconexo
Ausente do mundo
Num lugar não lugar

O mundo me pareceu tão frágil
Tão sem sentido
Tão raso em relação as coisas sagradas
O sagrado de cada um, o sagrado arquetípico

Tudo muito estranho...

As vezes é difícil entender o que nos tornamos
A história tenta nos explicar
A filosofia que tanto aprecio também
E ainda assim pouca coisa faz sentido

Nada parece sustentável
Tudo parece convergir para o caos
À alma resta o placebo
A ilusão das migalhas materiais

No peito, a urgência de mudar
Silenciar os ruídos externos
Libertar-se das convenções
Desapegar-se das futilidades

Uma sensação que chegou sorrateiramente
Um inconformismo que chega a enjoar
A alma implorando acalanto
Um pouco de paz e sobriedade

Observei tudo e tudo me decepcionou
Como diz o poeta, tudo sobrou ou foi pouco
Não sei qual e eu sofri
Só me faltou um espelho

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Solidão – Kleber Nunes

A distância e o frio
O calor de uma só carne
O amor condena
O amor liberta

A vastidão da liberdade
O aconchego de nós dois
O medo da solidão
As feridas da união

Viver é isso
Uma interminável busca pela dose certa
Queiramos ou não
Precisamos uns dos outros

Contudo, na solidão nos encontramos
Por isso ela é tão assustadora
Nela encaramos apenas os nossos demônios
E não há ninguém para culpar