2020, 2021, a transformação continuará – Kleber Nunes

De repente tudo mudou?

Acho que não!

As transformações não acontecem por acaso

Aliás, universo e acaso não são sinônimos

 

A inquisição queimou

A peste negra matou

O vulcão se manifestou

O vírus chegou, e tantos outros o antecederam, e muitos outros virão

 

Muita coisa aconteceu desde então

Antes mesmo de estarmos aqui

E muita coisa ainda acontecerá

Mesmo depois que formos embora

 

Somos assim...

Centelhas do todo

Pequeninos

Inquilinos recentes numa moradia que transmuta incessantemente, desde os tempos mais remotos

 

Somos crianças

Maravilhadas as vezes, assustadas tantas outras

Tateando a vida para compreendê-la

A mercê de movimentos universais que ainda não entendemos

 

2021 será melhor?

Talvez!

Aplaudimos e comemoramos quando entendemos que as coisas deram certo

Do contrário, lamentamos e procuramos culpados

2020 nos impôs muitas reflexões

Como é nobre pensar!

Conhecemos um pouco mais de nós mesmos

Privilégio para uns, tragédia para outros, aprendizado para todos

 

O que nos resta então!

Além de aproveitarmos cada oportunidade para evoluir

E mesmo que pressionados pela dor e a angústia de tantas incertezas

Não desperdiçarmos o momento, e assim como o universo, transmutarmos

 

 

Sonhos, ressignificações e cura – Kleber Nunes

 De repente

O passado ficou extremamente distante

O presente foi subjugado

E o futuro tornou-se incerto

 

2020 foi assim

As angústias foram se sobrepondo

Adaptamos a alma para suportar tanto sofrimento

Mas a dor foi criativa e incansável

 

Contudo, houve acalanto

A esperança não retrocedeu

A fé não cedeu

E a resiliência não hesitou em estabelecer-se

 

Permitimos que a criatividade aflorasse

Fomos Eros desejando intensamente a cura

Fomos Philia valorizando como nunca a presença

Fomos Ágape exercitando compaixão

 

2021 está chegando

Ainda impregnado de um ano chacoalhado pelo universo

Repleto de incertezas

De sonhos, ressignificações e cura

 

Machado cego – Kleber Nunes

As vezes...

Não falta esforço

Apesar dos que creem no acaso

E se escoram nas providências divinas

 

As vezes...

Não se trata do que falta

A penumbra está no que sobra e escapa entre os dedos

Num turbilhão de estímulos modernos

 

O mundo tornou-se assim...

Um emaranhado de informações desconexas

Distantes do conhecimento

E ainda mais distantes da sabedoria

 

Muitas distrações

Pouca alma presente

Tantas opções

Quase nada de coerente

 

Quão oportuno é o momento

De respirar antes de seguir

Acolher o silêncio com serenidade

E buscar evoluir

 

Afiar o machado da mente

Cuidar da saúde mental

Limpar o terreno, extrair o veneno

Focar no que for vital

 

Só sei que nada sei – Kleber Nunes

 

Dos caminhos

E descaminhos

O quanto levamos

De cada novo rosto que encontramos?

 

Nessa jornada onde tudo é inédito

O que guardam do nosso olhar

O que fica de nós por onde passamos

Quanto carregamos de cada um?

 

Almas chegando

Almas partindo

Gente chorando

Gente sorrindo

 

Se o próximo minuto é incerto

E nada pode ater a vida

Como repousar a alma

E aquietar coração?

 

Ruminamos

Deletamos, substituímos

Voltamos a pensar

Estamos aqui ou fragmentados?

 

O vento é fé trazem a esperança

O amanhecer a renovação

A espiritualidade a transcendência

O amor a salvação

 

Será que é isso?

 

Heróis de verdade - Kleber Nunes

Tem menino na porteira
Na saída tem inté
Tirolesa lá no alto
Na colina tem café

Tem herói pra todo lado
Natureza e Mulan
Tem pateta, tem minhoca
Tem palito e tem rã

Tem também a tia LUD
Fazendinha e pôr do sol
Pescaria e Piscina
E tem peixe no anzol

Não são só recreadores
São heróis da garotada
Engraçados e dispostos
São os reis da palhaçada

As crianças são espertas
E percebem seus valores
Alegram-se aos encontrá-los
Esquecem os dissabores

Ai do mundo sem diversão
Ai do mundo sem alegria
Coitadinhas das crianças
Se não fossem os tios e as tias

E cadê o tio leitão?
Onde será que ele está?
Será que virou panceta!
Será que virou jantar?

 

 

Aos convictos de tudo – Kleber Nunes

 

Errar ou acertar

Quando o assunto é viver

Quem pode decretar

Quem é capaz de compreender?

 

Se a existência precede a essência

Não há opção

Faz-se necessário a persistência

Tudo é ação e reação

 

Se ao caminhante não há caminho

O caminho se faz ao caminhar

É preciso sair do ninho

Urgentemente desbravar

 

Esta é a angústia de entender-se livre

Errar ou acertar tem seu valor

O fruto de ambos é o que somos

Mas também o que deixamos de ser

 

Aos convictos de tudo...