domingo, 31 de julho de 2022

Hiato – Kleber Nunes

De repente?

Não, o tempo passou...

Mas parece que foi ontem

Uma hora despertamos

 

Já adultos

As vezes velhos

Esgotados da jornada

Abduzidos pela rotina

 

E então percebemos um hiato

Em algum momento adormecemos

Perambulamos pela vida

Inconscientes

 

As vezes um déjà vu tenta nos alertar

Mas é confuso!

Apenas vagas lembranças

O que restou está aqui, o que está por vir é inédito


 

 

terça-feira, 26 de julho de 2022

O vazio das horas cheias – Kleber Nunes

 

Toca o despertador e tudo desperta

O resto adormece...

Resto como, se tudo já despertou?

Pois é!

 

Da escovação matinal ao almoço

Trezentos minutos

Quanto de útil?

Sei lá!

 

Acho que o verdadeiro despertar ficou no resto

E o resto é a parte útil

Por isso tornou-se resto

E as horas tornou-se fúteis

 

É tanto de tudo...

E tão pouco de útil

Livre e criativo eu era no sono

E já é hora de dormir novamente


 

domingo, 1 de maio de 2022

Utopiando para Distopiar – Kleber Nunes

 Sonho lindo e profundo...

Não há mais fome nem guerra

Só abundância e paz

Fartura em todos os lares

Crianças sorrindo demais

 

Sábios ensinamentos na Europa

No Oriente elevação espiritual

Progresso constante no Ocidente

Todos por um mundo ideal

 

Não há mais clamor nem dor

Os tempos difíceis passaram

Não há injustiça ou ganância

Os homes as eliminaram

 

Mas cérebro não dorme

Devaneios noturnos

Atividade cerebral

Insônia

Inconsciente fazendo a festa

 

Voltei

O relógio despertou

O consciente acabou com a festa

Algumas contas vencidas na cabeceira da cama

A TV ligada falando da guerra

 

Notícias políticas vergonhosas

Desemprego, violência e apagão

A pandemia ainda não acabou

Imagens de corpos no chão

 

Não, não, não...

Putz!

Estava bom demais

Vou fechar os olhos e tentar dormir novamente

E quem sabe continuar sonhando...


 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Assim caminha a humanidade – Kleber Nunes

 Lá fora o tempo está cinza

Cá dentro aconchegante

A alma segue aflita

E eu continuo pensante

 

Qual o sentido do cinza

Quanto vale o aconchegante

Qual o remédio para a alma

Se o desatino é constante

 

Se fez, não deveria ter feito

Se não fez, faltou atitude

Alguns sempre estão certos

Aos outros faltam virtudes

 

Qual o destino dessa jornada

Quem se dispõe a pensar

O que esperar da chegada

O que se espera encontrar

 

Desde o princípio era o verbo

Um dia o vírus chegou

Logo em seguida a cura

E o mundo não acabou

 

A ciência ganha atenção

A vacina vira esperança

A alma segue doente

A vacina não a alcança