Clareou
o dia você desapareceu
Na estrada, no vento ou qualquer outra rota estelar
Na ilha deserta ou no inverno do norte europeu
Mergulhando
ruas, beijos ao luar
Velejando bocas, loucas pra beijar
Mar e o oceano, e a onda que veio e bateu
Lembra a distância entre o seu mundo e o meu
O
aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é seu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
Passo
todo dia e noites a vagar
Solto no descaso, preso em seu mirar
Na dança do tempo só você, meu bem, é que não vem
Durmo sabendo que você não vai voltar
O
aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
Ó, Pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra Tu fizestes
E que a fria luz da razão
Não cale o azul da aura que me vestes
Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor
Que se eu tiver que ficar nu
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia
Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorar a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua
Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima
Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido
De me apaixonar todo dia
E ser mais jovem que meu filho
De ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio deus
Viver menino, morrer poeta
Volver
a los diecisiete
Después de vivir un siglo
Es como descifrar signos
Sin ser sabio competente
Volver a ser de repente
Tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo
Como un niño frente a Dios
Eso es lo que siento yo
En este instante fecundo
Se
va enredando, enredando
Como, en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí
Mi
paso retrocedido
Cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas
Ha penetrado en mi nido
Con todo su colorido
Se ha paseado por mis venas
Y hasta la dura cadena
Con que nos ata el destino
Es como un diamante fino
Que alumbra mi alma serena
Se
va enredando, enredando
Como, en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí
Lo
que puede el sentimiento
No lo ha podido el saber
Ni el más claro proceder
Ni el más ancho pensamiento
Todo lo cambia al momento
Cual mago condescendiente
Nos aleja dulcemente
De rencores y violencias
Solo el amor con su ciencia
Nos vuelve tan inocentes
Se
va enredando, enredando
Como, en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí
El
amor es torbellino
De pureza original
Hasta el feroz animal
Susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos
Libera a los prisioneros
El amor con sus esmeros
Al viejo lo vuelve niño
Y al malo, solo el cariño
Lo vuelve puro y sincero
Se
va enredando, enredando
Como, en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí
De
par en par, la ventana
Se abrió como por encanto
Entró el amor con su manto
Como una tibia mañana
Al son de su bella Diana
Hizo brotar el jazmín
Volando cual serafín
Al cielo le puso aretes
Y mis años en diecisiete
Los convirtió el querubín
Se
va enredando, enredando
Como, en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra
Ay, sí, sí, sí
E
algumas folhas deitam sobre a estrada
O frio é o agasalho que esquenta
O coração gelado quando venta
Movendo a água abandonada
Restos
de sonhos sobre um novo dia
Amores nos vagões, vagões nos trilhos
Parece que quem parte é a ferrovia
Que mesmo não te vendo te vigia
Como mãe, como mãe que dorme olhando os filhos
Com os olhos na estrada
E no mistério solitário da penugem
Vê-se a vida correndo, parada
Como se não existisse chegada
Na tarde distante, ferrugem ou nada
O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo
Vem,
sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem,
por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem
que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu
Ah,
eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus
Se tu falas muitas palavras
sutis
Se gostas de senhas, sussurros, ardis
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar
Se trazes no bolso a
contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raios X
Se vives nas sombras, frequentas
porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de doberman
E se definitivamente a sociedade
Só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo
És um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
Depois chamam os urubus
E se pensas que burlas as normas
penais
Insuflas, agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar infrator
Com seus braços de estivador
Se pensas que pensas
Estás redondamente enganado
E como já disse, o Dr. Eiras
Que vem chegando aí
Junto com o delegado
Pra te levar