quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O ineditismo da vida - Kleber Nunes



Eu o vi passar
Hesitei em entrar
E quando decidi, já era outra criatura
O rio é sempre vivo, inexoravelmente inédito

O bom e o ruim da vida
É o ineditismo de cada instante
Por isso dói amar e ser amado
Sabendo-se impotente diante do minuto seguinte

O que projetar?
Se cada gesto
E cada palavra
Eternizam-se e morrem no mesmo instante

Ontem, hoje e amanhã...
São tentativas de doutrinarmos o tempo
Mesmo sabendo que cada minuto se extingue nele próprio
E agora?



domingo, 11 de dezembro de 2016

Saia do automático - Kleber Nunes





Saia do automático
Viver é mais do que cumprir o rito das horas
A percepção do tempo não é o mesmo para todos
Há quem acredite que vinte e quatro horas são insuficientes

Desligue a vida do automático
Viver é mais do que aceitar tudo como destino
A interpretação de destino não é a mesma para todos
Há quem acredite que tudo está definido celestialmente

Pause o filme automático que se tornou sua vida
Viver é mais do que assistir inconformado a própria história
O controle remoto está em suas mãos
Há quem acredite que sua história está definida

Não basta chegar ao destino final
É preciso curtir o caminho
Não basta amar platonicamente
É preciso entregar-se
Não basta admirar a natureza
É preciso envolver-se com ela
Não basta ouvir música
É preciso senti-la
Não basta proferir palavras bonitas
É preciso vivencia-las
Não basta amar
É preciso ser feliz
Não basta estudar
É preciso fazer sentido
Não basta ganhar dinheiro
É preciso desapegar-se
Não basta matar a fome
É preciso sentir o cheiro
Não basta matar a sede
É preciso cuidar da água
Não basta dormir
É preciso renovar-se
Não basta reclamar
É preciso reinventar-se

Viver no automático é sobreviver
Aceitar a vida in natura
Não ter propósito
Não deixar legado

Saia do automático
Mas isso não acontecerá automaticamente

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Cataclismo – Kleber Nunes





Por amor ou piedade
Seja o que for...
Afaste-se de mim
Já causaste o cataclismo que desejava

Por desespero ou descaso
O que lhe convir...
Apague-me da sua história
Já iludiste teu ego

Sinto-me salvo
Resgatado da miséria que impusesse a minh´alma
E não restou mágoa
Nem dor
Nem lembranças
Nem saudade
Não restou nada...