Para alcançar o que quero,
Alitero,
Rimo,
Esquartejo a palavra,
Em significante e significado.
Me espelho no Pedro pedreiro,
Uso a métrica,
A paranomásia,
Alitero em P,
Alitero em B,
Sou subjetivo e objetivo.
Crio imagens,
Uso metáforas,
Invento estruturas,
E tento ser poeta.
Para escrever meu poema,
Evito os condicionamentos,
A rigidez da verdade,
As regras desnecessárias,
Escrevo e pronto.
Associo ao meu poema as conotações,
Utilizo assonância,
E repito os sons para dizer o que quero.
Sou concreto e realista,
Abstrato e poeta.
Falo de coisas próximas,
De coisas distantes,
E visito as constelações.
Para escrever meu texto,
Esclareço,
Desobedeço,
Ofereço,
Simplesmente,
Escrevo.
As vezes tento aliterar,
E sou descritivo,
As vezes tento rimar,
E também sou descritivo,
As vezes tento fantasiar,
E volto a ser descritivo.
Penso poder promover,
Algumas frases a poema,
Penso poder exercer,
O poder de envolver,
De fazer sofrer,
De fazer querer,
E escrevo.
Meu poema não tem compromisso,
É livre de preconceito,
E feito com amor.
Procuro combinar as palavras,
Tento fazê-las se encontrar,
Para rimar,
Para encantar,
Para alcançar,
Para servi-las no altar,
Dos que amam a poesia,
E dela se servem para saciarem a sede,
Sede que água nenhuma é capaz de saciar.
Nas palavras encontro tudo que preciso,
Delas me sirvo,
Encontro nas palavras todas as possibilidades,
Mato a saudade,
O céu me invade.
O poema me alimenta,
Me sustenta,
Me orienta.
Brincando com as palavras eu existo,
Meu ser se expande,
Minhas células se renovam,
E renasço...
Minha existência seria comprometida sem a poesia,
Com certeza eu seria menor,
Não veria as estrelas com os olhos que vejo,
O mar não teria o mistério que o torna mais lindo,
O céu seria dispensável,
E a morte apenas o fim.
Escrevendo me liberto,
Me engrandeço,
Me esclareço,
E enalteço...
Enalteço a vida,
Vida que tanto desejo,
Desejo de tocar,
Tocar a felicidade,
Felicidade materializada,
Materializada em amor.
Para escrever deixo fluir,
Sentimentos,
Deixo me dominar,
Por Sensações,
Me entrego às reflexões,
E não tenho medo,
Medo de colocar no papel,
O que emana da alma.
Viver é poético,
Acordar todos os dias é poético,
Acreditar em Deus é poético,
Ter um dia ruim é poético,
Até um velório pode ser poético.
Para tudo isso,
Precisamos entender as palavras,
Decifrá-las,
Empregá-las da melhor maneira possível.
A palavra morte pode significar o fim,
Mas também pode significar um novo começo.
A morte das coisas que acredito é o fim,
Mas a morte dos meus equívocos o começo.
Escrever é falar da vida,
Romper barreira,
Superar limites,
Chegar onde a matéria não permite,
Estar ao mesmo tempo em lugares diferentes.
As palavras são a fonte da vida,
Elas nos norteiam,
Nos conduzem,
Nos ensinam,
E nos alimentam de cultura.
Felizes dos que podem consumi-las,
Felizes dos que fazem de cada dia uma nova oportunidade,
De através das palavras se fazer entender,
Conquistar seu espaço no universo,
Encontrar novas possibilidades,
E ser um pouco melhor.
Há um choro de lamento no ar,
Quanto aos que as ignoram,
Sobre os que as desdenham.
O universo lamenta o desprezo pelas palavras,
Porque sabe que o mundo seria melhor,
Se palavras fizessem parte,
De verdade,
Das nossas vidas.
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