Sempre viveram no mesmo barco
Foram farinha do mesmo saco
Da mesma marinha, da mesma rainha
Sob a mesma bandeira
Tremulando no mastro
E assim foram seguindo os astros
Cortaram as amarras e os nós
Deixando pra trás o porto e o cais
Berrando até perder a voz
Em busca do imenso,
Do silêncio mais intenso
Que está depois dos temporais
E assim foram seguindo em frente
Fazendo amor pelos sete mares
Inchando a água de alga e peixe
Seguindo os ventos
As marés e as correntes
O caminho dos golfinhos
A trilha das baleias
E não havia arrecifes
Nem bancos de areia
Nem temores, nem mais dores
Não havia cansaço
Só havia, só havia azul e espaço
sábado, 12 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Silêncio - Florbela Espanca
No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...
Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!
Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...
Desejos vãos - Florbela Espanca
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o sol, a luz intensa
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão é ate da morte!
Mas o mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos céus, os braços, como um crente!
E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras... essas... pisá-as toda a gente!...
Fanatismo - Florbela Espanca
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida
Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Podem voar mundos, morrer astros
Que tu és como um Deus... Princípio e Fim"
"Podem voar mundos, morrer astros
Que tu és como um Deus... Princípio e Fim"
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Mensagem - Fernando Pessoa
Quanto a mim o amor passou...
Eu só lhe peço que não faça... Como gente vulgar...
E não me volte à cara quando passa por si...
Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor...
Fiquemos um perante o outro...
Como dois conhecidos desde a infância...
Que se amaram por quando meninos...
Embora na vida adulta sigam outras afeições...
Conservam nos caminhos da alma...
A memória de seu amor antigo...
E inútil...
Eu só lhe peço que não faça... Como gente vulgar...
E não me volte à cara quando passa por si...
Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor...
Fiquemos um perante o outro...
Como dois conhecidos desde a infância...
Que se amaram por quando meninos...
Embora na vida adulta sigam outras afeições...
Conservam nos caminhos da alma...
A memória de seu amor antigo...
E inútil...
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Te amo - Kleber Nunes
Encontrei o amor
Aquele que sempre imaginei
Que almejei possuir
Vivê-lo em cada hora
Nas tristes consolá-lo
Nas alegres festejá-lo
Enfim o encontrei
Procurei-o a miúde
Mas meu coração era incrédulo
E sorrateiramente a vida me escapava
As esperanças também
E tudo não passava de devaneios meus
Só me restava desistir
Mas agora posso dizer que o encontrei
Hoje ele tem nome e forma
Rosto e gosto
Cheiro e cabelo
E continua esplêndido para mim
Não consigo traduzi-lo em palavras
Não é vermelho
Nem é quente
Não tem gosto de chocolate
Nem causa frio no estômago
Não são pernas entrelaçadas
Nem roupas jogadas em volta da cama
Não é buquê de rosas
Nem uma noite de amor
Enfim o encontrei
Ele é tudo isso e muito mais
Mora comigo e me transforma
Está em mim
E ainda tem algo de indecifrável
Que me deixa muito feliz
Porque precisarei de mais algumas vidas para o entender
E com isso mais uma vez te desfrutar
Te amo
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Mar e vida - Kleber Nunes
A atração que o mar exerce sobre mim
É mesma que me atrai para a vida
Diante do mar, tento mensurá-lo
E não imagino como
Diante da vida, me sinto pequeno
E nunca é diferente
Quando mergulho para entendê-los
Tenho receio de ambos
E só me sinto seguro
Na superfície
A contemplá-los
O despertar do relógio - Kleber Nunes
As vezes tenho raiva do relógio
Do barulho do seu ponteiro
Do seu prazer em me acordar
Da dependência que tenho dele
De seu apego ao meu pulso
Sempre me lembrando dos compromissos
Quase sempre deveres
Raramente prazeres
Fico mais bravo ainda quando ele pára
Pareço louco
Se ele desperta não gosto
Se não funciona me irrito
Mas de vez em quando o entendo
As vezes até o agradeço
Quando lembro que ouvir o seu chamado
É a certeza de estar vivo
Que a vida se renova em mais um dia que começa
Que terei novas possibilidades
De tentar
De lutar
De plantar
De amar
De louvar
E ser melhor...
Banalidades - Kleber Nunes
Andar de mãos dadas
Caminhar pela praça
Assistir um filme
Pedir uma pizza
Ouvir uma música
Preparar o almoço
Abrir as janelas
Regar as plantas
Levar o cachorro para passear
Comentar o futebol
Esticar o lençol da cama
Ansiar pela sexta
Adorar o sábado
Lamentar o domingo
Até lavar a louça
Tudo banal!
E se não fosse o banal?
O que seria de nós sem as coisas pequenas?
Que juntas são tão grandes
E que na maior parte do tempo
É o que verdadeiramente possuímos.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Amar é... - Kleber Nunes
Amar é voltar atrás
Arrepender-se
Lamentar cada minuto distante
Cada lágrima proporcionada
Admitir-se metade
Amar é suar de ansiedade no frio
Sentir as mãos frias no calor
Iludir-se com o relógio
Querer ser tudo que o outro precisa
Ser inocente
Amar é ter ânsia de saudade
E não se contentar com nada
Não saciar-se com coisa alguma
É despedir-se da felicidade
Até que você chegue...
Quem sabe um dia - Kleber Nunes
Quem sabe um dia a pressa acabe
E nesse dia
Apreciar o nascer do sol
Se torne a refeição matutina
Quem sabe um dia o desamor termine
E nesse dia
Amar o próximo
Seja prazeroso e espontâneo
Quem sabe um dia cessem as lágrimas
E se persistirem
Que sejam nobres
Seus motivos.
Desejos - Carlos Drummond de Andrade
Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Choro bandido - Chico Buarque
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons
Vagamente - Roberto Menescal
Só me lembro muito vagamente,
Correndo você vinha,quando de repente,
Seu sorriso que era muito branco...me encontrou
Só me lembro que depois andamos
Mil estrelas só nós dois contamos
E o vento soprou de manhã,mil canções...
Só me lembro,muito vagamente,
De tarde que morria ,quando de repente,
Eu sozinho,fiquei lhe esperando,e chorei,
Só me lembro muito vagamente,
O quanto a gente amou e foi tão de repente,
Que nem lembro se foi com você
Que eu perdi meu amor...
Correndo você vinha,quando de repente,
Seu sorriso que era muito branco...me encontrou
Só me lembro que depois andamos
Mil estrelas só nós dois contamos
E o vento soprou de manhã,mil canções...
Só me lembro,muito vagamente,
De tarde que morria ,quando de repente,
Eu sozinho,fiquei lhe esperando,e chorei,
Só me lembro muito vagamente,
O quanto a gente amou e foi tão de repente,
Que nem lembro se foi com você
Que eu perdi meu amor...
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Outra manhã - Beto Guedes
Outra manhã
Outra manhã já vem
Barco a procurar o cais
Não é o fim
Ontem não conta mais
Deita comigo nessa rede
Meu coração tem sede
E sempre quer
A mesma fonte serena que corre em
Seu olhar
Olha pra mim
Faz o verão voltar
Torna a cidade apaziguada
Apaga a luz da sala
Pra gente ver
Que tudo em volta se cala
O dia vai nascer
Pra outra direção o temporal se foi
Pra que lembrar, então por onde me arrastei?
Mas veja, meu bem, que a força desse amor pode fazer
alguém regressar
Trazendo outra manhã
Não é o fim
Pra quem se quer assim
Não há adeus pra se dizer
Olha pra mim
Faz o verão voltar
Torna à cidade apaziquada
Acende a luz da estrada
Tudo se vê
O absurdo se rende, o dia vai nascer
Pra outra direção o temporal se foi
Pra que lembrar então por onde me arrastei?
Mas veja, meu bem, que a força desse amor pode fazer
Alguém regressar
Trazendo outra manhã
Outra manhã já vem
Barco a procurar o cais
Não é o fim
Ontem não conta mais
Deita comigo nessa rede
Meu coração tem sede
E sempre quer
A mesma fonte serena que corre em
Seu olhar
Olha pra mim
Faz o verão voltar
Torna a cidade apaziguada
Apaga a luz da sala
Pra gente ver
Que tudo em volta se cala
O dia vai nascer
Pra outra direção o temporal se foi
Pra que lembrar, então por onde me arrastei?
Mas veja, meu bem, que a força desse amor pode fazer
alguém regressar
Trazendo outra manhã
Não é o fim
Pra quem se quer assim
Não há adeus pra se dizer
Olha pra mim
Faz o verão voltar
Torna à cidade apaziquada
Acende a luz da estrada
Tudo se vê
O absurdo se rende, o dia vai nascer
Pra outra direção o temporal se foi
Pra que lembrar então por onde me arrastei?
Mas veja, meu bem, que a força desse amor pode fazer
Alguém regressar
Trazendo outra manhã
Romance - Flávio Venturini
Flores simples enfeitando
A mesa do café
Lindas e pequenas,
Arco-íris num buquê
Mistério azul de luz
E Vênus brilha temporã
Mistura em nós um só destino
Estrela da manhã
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Derramando cachoeiras
Pela serra em flor
Viver no coração da lenda
É fácil meu amor
Um sonho novo todo dia
Que ninguém sonhou
Canção de amor
Cintilando na janela aberta
Pro luar
Luzes da cidade refletidas
Num olhar
Constelações entre as antenas
Brincam de brilhar
Estrelas novas no horizonte
Vêm nos visitar
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Numa nave cor da noite
Que ninguém notou
No coração da fantasia é fácil
Entender
Um sonho novo todo dia
Lindo de viver
Eu e você
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Numa nave cor da noite
Que ninguém notou
Viver no coração da lenda
É fácil meu amor
Um sonho novo todo dia
Que ninguém sonhou
A mesa do café
Lindas e pequenas,
Arco-íris num buquê
Mistério azul de luz
E Vênus brilha temporã
Mistura em nós um só destino
Estrela da manhã
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Derramando cachoeiras
Pela serra em flor
Viver no coração da lenda
É fácil meu amor
Um sonho novo todo dia
Que ninguém sonhou
Canção de amor
Cintilando na janela aberta
Pro luar
Luzes da cidade refletidas
Num olhar
Constelações entre as antenas
Brincam de brilhar
Estrelas novas no horizonte
Vêm nos visitar
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Numa nave cor da noite
Que ninguém notou
No coração da fantasia é fácil
Entender
Um sonho novo todo dia
Lindo de viver
Eu e você
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Numa nave cor da noite
Que ninguém notou
Viver no coração da lenda
É fácil meu amor
Um sonho novo todo dia
Que ninguém sonhou
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Eu te amo - Chico Buarque
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
Olha Maria - Chico Buarque
Olha Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir
Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar
Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré
Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar
Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder
Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir
Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar
Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré
Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar
Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder
Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
terça-feira, 18 de outubro de 2011
As canções que eu faço - Sa e Guarabyra
Se voce quer me conhecer, finja que toca comigo.
E faz comigo essas canções que eu faço.
E tem tanta coisa por dentro pra dizer.
Coisas que nao podem ser ditas de uma vez só
E sinta a solidão.
Que eu tenho quando canto uma canção bem alto
A solidao que eu tenho quando abro o coração e canto
Se voce quiser me entender
Ouça aquilo que eu nao digo
Nas entrelinhas das canções que eu faço.
Porque é que eu me guardo do mundo assim escondido
É coisa que só pode explicar quem vive o que eu vivo
E sinta a solidão, que eu tenho quando canto uma canção bem alto
A solidão que eu tenho quando abro o coração e canto.
E sinta a solidão que eu tenho quando canto uma canção bem alto.
A solidão que eu tenho quando abro o coração e canto
E faz comigo essas canções que eu faço.
E tem tanta coisa por dentro pra dizer.
Coisas que nao podem ser ditas de uma vez só
E sinta a solidão.
Que eu tenho quando canto uma canção bem alto
A solidao que eu tenho quando abro o coração e canto
Se voce quiser me entender
Ouça aquilo que eu nao digo
Nas entrelinhas das canções que eu faço.
Porque é que eu me guardo do mundo assim escondido
É coisa que só pode explicar quem vive o que eu vivo
E sinta a solidão, que eu tenho quando canto uma canção bem alto
A solidão que eu tenho quando abro o coração e canto.
E sinta a solidão que eu tenho quando canto uma canção bem alto.
A solidão que eu tenho quando abro o coração e canto
Vampiro - Caetano Veloso
Eu uso óculos escuros pras minhas lágrimas esconder
E quando você vem para o meu lado, ai, as lágrimas começam a correr
E eu sinto aquela coisa no meu peito
Eu sinto aquela grande confusão
Eu sei que eu sou um vampiro que nunca vai ter paz no coração
Às vezes eu fico pensando porque é que eu faço as coisas assim
E a noite de verão ela vai passando, com aquele seu cheiro louco de jasmim
E eu fico embriagado de você
Eu fico embriagado de paixão
No meu corpo o sangue não corre, não, corre fogo e lava de vulcão
Eu fiz uma canção cantando todo o amor que eu sinto por você
Você ficava escutando impassível e eu cantando do teu lado a morrer
E ainda teve a cara de pau
De dizer naquele tom tão educado
"oh! pero que letra más hermosa, que habla de un corazónapasionado"
Por isso é que eu sou um vampiro e com meu cavalo negro eu apronto
E vou sugando o sangue dos meninos e das meninas que eu encontro
Por isso é bom não se aproximar
Muito perto dos meus olhos
Senão eu te dou uma mordida que deixa na sua carne aquelaferida
Na minha boca eu sinto a saliva que já secou
De tanto esperar aquele beijo, ai, aquele beijo que nuncachegou
Você é uma loucura em minha vida
Você é uma navalha para os meus olhos
Você é o estandarte da agonia que tem a lua e o sol do meio-dia
E quando você vem para o meu lado, ai, as lágrimas começam a correr
E eu sinto aquela coisa no meu peito
Eu sinto aquela grande confusão
Eu sei que eu sou um vampiro que nunca vai ter paz no coração
Às vezes eu fico pensando porque é que eu faço as coisas assim
E a noite de verão ela vai passando, com aquele seu cheiro louco de jasmim
E eu fico embriagado de você
Eu fico embriagado de paixão
No meu corpo o sangue não corre, não, corre fogo e lava de vulcão
Eu fiz uma canção cantando todo o amor que eu sinto por você
Você ficava escutando impassível e eu cantando do teu lado a morrer
E ainda teve a cara de pau
De dizer naquele tom tão educado
"oh! pero que letra más hermosa, que habla de un corazónapasionado"
Por isso é que eu sou um vampiro e com meu cavalo negro eu apronto
E vou sugando o sangue dos meninos e das meninas que eu encontro
Por isso é bom não se aproximar
Muito perto dos meus olhos
Senão eu te dou uma mordida que deixa na sua carne aquelaferida
Na minha boca eu sinto a saliva que já secou
De tanto esperar aquele beijo, ai, aquele beijo que nuncachegou
Você é uma loucura em minha vida
Você é uma navalha para os meus olhos
Você é o estandarte da agonia que tem a lua e o sol do meio-dia
Estrelas - Oswaldo Montenegro
Pela marca que nos deixa
A ausência de som que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta
Pela mágica do dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar
Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo que eu cantaria
E quando eu for embora, você cantará
A ausência de som que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta
Pela mágica do dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar
Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo que eu cantaria
E quando eu for embora, você cantará
Pedaço de mim - Chico Buarque
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
Rosa dos ventos - Chico Buarque
E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Não é o tempo de hoje que quero - Kleber Nunes
Não é o tempo de hoje que quero
Do alto, tenho certeza disso
Tempo de solidão
De muitos carros na rua
Muitas pessoas vagando
Muitos rostos vazios.
Lagartos correndo atrás dos rabos
Metas intermináveis
Felicidade substituída por um novo perfume.
Não é o tempo de hoje que quero
Quero um tempo que nunca pisei
Um tempo que só visito em pensamento
Um tempo com menos projetos
Com menos de tudo que vejo do alto pela janela
Onde eu possa pisar no chão descalço
Ascender fogueiras
Contemplar as estrelas
E ter como único projeto acordar vivo
Ser útil ao universo
E ser feliz.
domingo, 25 de setembro de 2011
Mel - Kleber Nunes
Mel sagrado
Tua origem é divina
Assim como teu destino
És sinônimo de vida
De recomeço
De cura.
Recompensa ás abelhas
Doando doçura
Selando lábios
Transmitindo vida
Aceitando o néctar das flores
Proporcionando renovação.
Mel cristalino e doce
Tua essência é sagrada
Sagrado é teu existir.
Universo - Kleber Nunes
Olhar para o céu
Desejar as estrelas
Tentar decifrar a lua
Pretender conter sol
Imaginar o formato das constelações
Quanta imensidão no universo!
Quanto mistério!
Quanta beleza!
Quantas perguntas!
Tudo é tão majestoso...
Só um pensamento me faz calar as dúvidas
A certeza de que o universo que vemos
É o reflexo de um Deus que a religião e a ciência desconhece.
Mudei - Kleber Nunes
Percebi que mudei
Lembro-me pouco do outro que fui
No espelho continuo o mesmo
Meu nome não mudou
Mas tornei-me estranho ao meu eu antigo.
Percebi que mudei
E não sei quando isso aconteceu
Quase nada do passado me serve hoje
O novo eu chegou sorrateiro
Sou outro.
Percebi que mudei
Não renovei apenas as células
Os pensamentos
Os anseios
A maneira de buscar Deus
Atendi a alma sedenta
E não sei o que lhe entreguei.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Quisera eu... - Kleber Nunes
Quisera eu me encontrar
Olhar no espelho e entender
Ter o controle do próximo ato
Saber quem sou por trás da face
Ter o mapa da felicidade
Quisera eu ter as respostas
Entender o universo
Conhecer a verdade
Questionar a criação
Ter convicção de alguma coisa
Quisera eu sentir mais
Perceber a força divina que me anima
Alimentar-me de luz
Nutrir minha alma na areia do mar
Ter grandeza para enxergar as coisas pequenas
Quisera eu...
domingo, 18 de setembro de 2011
Música e amor - Kleber Nunes
Música e amor
Encontro tudo que procuro...
Quando ouço música
Quando amo sem medo
Quando sinto na música uma prece
Quando me torno poderoso ao amar
Música e amor
Procuro em vão a felicidade em outras coisas
E não admito a vida sem amor
Sem as notas das músicas que idolatro
Em minha vida a tradução de eterno tem dois sentimentos
Música e amor.
A casa da alma - Kleber Nunes
Invólucro de carne denso
Teu nome é corpo
Teu final é certo
Mas teu segundo próximo um mistério.
Invólucro de carne frágil
Convives com tanta incerteza
Deita sem saber do amanhã
Brinca de morrer ao dormir.
Invólucro de carne santo
Hospedas o espírito imortal
Conduzes a centelha divina
Serve de altar para a alma.
Invólucro de carne humilde
Em ti a alma encontra abrigo
Em teu seio o espírito se depura
Sabes de tudo isso...
E com resignação despede-se da vida.
sábado, 3 de setembro de 2011
Vem chegando a primavera - Kleber Nunes
Primavera austral que chega...
Vem e refloresce, estabelece tua beleza
Traz a alvorada e vence a noite; chega...
Do horizonte distante vem e mostra tua grandeza.
Vem moderado calor do primeiro verão
Exuberante equinócio; vem...
Avança pelo equador celeste e colore a vida
Traz de pegasus a mais linda estrela e enfeita nosso céu de Markab.
Tuas flores inebria nossa alma...
Lágrimas de cristo, margaridinhas e orquídeas, quanto perfume!
Tua beleza nessa época reside no hemisfério sul
E a claridade de tua presença ilumina nossos corações.
Vem e refloresce, estabelece tua beleza
Traz a alvorada e vence a noite; chega...
Do horizonte distante vem e mostra tua grandeza.
Vem moderado calor do primeiro verão
Exuberante equinócio; vem...
Avança pelo equador celeste e colore a vida
Traz de pegasus a mais linda estrela e enfeita nosso céu de Markab.
Tuas flores inebria nossa alma...
Lágrimas de cristo, margaridinhas e orquídeas, quanto perfume!
Tua beleza nessa época reside no hemisfério sul
E a claridade de tua presença ilumina nossos corações.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
A barca dos amantes - Milton Nascimento
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Ah, quanto eu queria conseguir
Trazer a Barca à madrugada
E desfraldar o pano branco
Na que for terra mais amada
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no céu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu vi me fez vogar
De rumos meus, a cais errantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no seu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
Trazer a Barca à madrugada
E desfraldar o pano branco
Na que for terra mais amada
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no céu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu vi me fez vogar
De rumos meus, a cais errantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no seu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
Nem tudo é fácil - Cecília Meireles
É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!
Os teus pés - Pablo Neruda
Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.
Sê - Pablo Neruda
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Rosa de Hiroshima - Vinicius de Moraes e Gerson Conrad
Pensem nas crianças mudas, telepáticas
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres, rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Ma, oh! não se esqueçam da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radioativa, estúpida inválida
A rosa com cirrose a antirosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa
Sem nada.
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres, rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Ma, oh! não se esqueçam da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radioativa, estúpida inválida
A rosa com cirrose a antirosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa
Sem nada.
Baile de máscaras - Guilherme Arantes
Num baile de máscaras qualquer
Colombina e Pierrô
Cansados de procurarem
Cada qual seu par
Se convidaram pra dançar
Pra não assistir a noite passar
Dois velhos amigos a se consolarem
Da solidão, mais uma vez
Cantando aos músicos que toquem
Aquelas canções todas
De recordações vivas
Belos e jovens
De olhos fechados pelo salão
E quando a orquestra deu o final
Não se apartaram
Como seria o costumeiro e trivial
Foram abraçados até os portões
E saíram pra ver
O romper dos clarões do dia
Seguiram caminhando
Na calma dos amantes
Como se o tempo houvesse parado
Daquela noite em diante
E se visitaram
E se reencontraram
Dias depois já não eram mais assim tão sós
E se consumiram
E se violentaram
No fogo e paixão
Da fúria e do medo
Dos peitos sofregos de afeto
E os dias foram longos
E os beijos foram tantos
Lavaram as almas
De tristes memórias
Na água dos prantos.
Colombina e Pierrô
Cansados de procurarem
Cada qual seu par
Se convidaram pra dançar
Pra não assistir a noite passar
Dois velhos amigos a se consolarem
Da solidão, mais uma vez
Cantando aos músicos que toquem
Aquelas canções todas
De recordações vivas
Belos e jovens
De olhos fechados pelo salão
E quando a orquestra deu o final
Não se apartaram
Como seria o costumeiro e trivial
Foram abraçados até os portões
E saíram pra ver
O romper dos clarões do dia
Seguiram caminhando
Na calma dos amantes
Como se o tempo houvesse parado
Daquela noite em diante
E se visitaram
E se reencontraram
Dias depois já não eram mais assim tão sós
E se consumiram
E se violentaram
No fogo e paixão
Da fúria e do medo
Dos peitos sofregos de afeto
E os dias foram longos
E os beijos foram tantos
Lavaram as almas
De tristes memórias
Na água dos prantos.
Anjo bom - Flávio Venturini
Vem de lá
nenhum lugar
espaço além do coração
Vem na luz do sol
o vento traz
nudez de tal
revelação
Quando um grande amor
tiver o prazer
de nos visitar
e se for alguém
que possui a luz de um anjo bom
Deixa entrar
seremos dois
milhões de sóis
de eterna manhã
Vem meu anjo bom
que tem o dom
e é da cor
que eu quero mais
Nas constelações
há de ter o bem
que você sonhou
e será alguém que possui a luz
de um anjo bom
anjo bom
nenhum lugar
espaço além do coração
Vem na luz do sol
o vento traz
nudez de tal
revelação
Quando um grande amor
tiver o prazer
de nos visitar
e se for alguém
que possui a luz de um anjo bom
Deixa entrar
seremos dois
milhões de sóis
de eterna manhã
Vem meu anjo bom
que tem o dom
e é da cor
que eu quero mais
Nas constelações
há de ter o bem
que você sonhou
e será alguém que possui a luz
de um anjo bom
anjo bom
Quando o próprio amor vacila - Autor desconhecido
Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.
Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo teu jogo triste.
As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.
Eu amo a tua alegria.
Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.
Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Poema triste - Kleber Nunes
Triste é saber
Que a tristeza é nossa obra
Que crianças morrem de fome
Que povoados morrem de sede
Que assistimos a miséria alheia com naturalidade
Que nenhuma peste africana nos comove
Que não entendemos os animais como nossos irmãos de jornada
Que cimentamos árvores em frente nossas casas limitando suas raizes
Que as árvores cimentadas limitam também nossas possibilidades de um mundo melhor.
Triste é saber
E por saber ser responsável.
Triste é saber
E mesmo assim só pensarmos em nós
Em nossas próximas aquisições materiais
Em nossos projetos de vida
Projetos que poderiam ter outro nome...
Só você basta - Kleber Nunes
Eu queria um campo de flores
Todas elas...
Várias espécies
Cores
Perfumes
E vários pássaros a bailar
Eu queria um campo verdejante
Repleto de árvores
Rios
Montanhas
Bosques
E vários animais a embelezar
Eu queria um céu totalmente azul
Com dois sóis
Duas luas
Estrelas brilhantes a cair
Nuvens em forma de amor
É várias possibilidades de enxergar Deus
Eu queria tudo isso
Ah como queria...
Mas abro mão de tudo
Desde que eu tenha você
Encontre paz em teu olhar
E em teu céu possa viver
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
O que tinha de ser - Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser
A moça do sonho - Chico Buarque
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó
Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde á noite
Sonhasse comigo
Talvez
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Faltando um pedaço - Djavan
O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha
O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho
O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços
Noite de estrelas - Roberto Mendes e Ana Basbaum
Arde na terra a solidão da lua
Iluminando meu olhar perdido
Entre campinas, abismos, chapadas...
Meus olhos queimam a última lembrança
Como fogueira em noite de estrelas.
Me deito só, com vista para o mundo
Calando fundo meus sonhos, minhas queixas,
Mas alço vôo em busca de teus passos
Piso descalço na terra do teu corpo
Suave passo, suave gosto, cheiro de mato
Meu braço lasso, eu lanço em segredo.
Vem ser meu canto, meu verso, meu soneto
Vem ser poema no árido deserto
Serei oásis, silêncio, festejo
Serei sertão nas horas de aconchego...
Iluminando meu olhar perdido
Entre campinas, abismos, chapadas...
Meus olhos queimam a última lembrança
Como fogueira em noite de estrelas.
Me deito só, com vista para o mundo
Calando fundo meus sonhos, minhas queixas,
Mas alço vôo em busca de teus passos
Piso descalço na terra do teu corpo
Suave passo, suave gosto, cheiro de mato
Meu braço lasso, eu lanço em segredo.
Vem ser meu canto, meu verso, meu soneto
Vem ser poema no árido deserto
Serei oásis, silêncio, festejo
Serei sertão nas horas de aconchego...
Canção da manhã feliz - Haroldo Barbosa e Luiz Reis
Luminosa manhã
Para que tanta luz?
Dá-me um pouco de céu
Mas não tanto azul
Dá-me um pouco de festa não esta
Que é demais pra os meus anseios
Ele veio manhã
Você sabe, ele veio
Despertou-me chorando
E até me beijou
Eu abri a janela
E este sol entrou
De repente em minha vida
Já tão fria e sem desejos
Estes festejos
Esta emoção
Luminosa manhã
Tanto azul tanta luz
É demais para o meu coração
Eterno em mim - Caetano Veloso
Não há nada no mundo que possa fazer
Eu deixar de cantar
Ou deixar de gostar de você
Não há nada no mundo, nem nunca haverá
De mais alto ou mais fundo
O meu canto é meu céu
E você é meu mar
Duas coisas que dentro de mim
Não podem ter fim
Dois azuis no mesmo azul
Meu horizonte sem nuvem nem monte
Em mim o eterno é musica e amor
Eu deixar de cantar
Ou deixar de gostar de você
Não há nada no mundo que possa fazer
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Eu quero tudo que não posso ter - Kleber Nunes
Eu quero tudo que não posso ter
Almejo coisas que fogem do meu alcance
Desejo com fervor ser soberano
Cobiço a boa vida alheia
Cedo para os modismos
Para o materialismo
Para as convenções sociais
Freqüento lugares que não gosto
Sou político para sobreviver
Aperto algumas mãos por educação
Penso que as horas boas são as dos outros
Ou as que ainda não existem
E acho quase tudo isso ridículo
Fútil
Desprezível
Quero da vida apenas duas coisas
A consciência tranqüila e o coração leve
Quero impor minha falta de necessidades sã
Sobre minhas ilusões doentias
Ter da vida reciprocidade
Dar e receber na medida
Não julgar
E principalmente entender
Que as necessidades são diferentes
E as miopias também...
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Anseios - Kleber Nunes
Tenho saudade de algo que não sei...
Como desejo esse algo!
Como me faz falta!
E não sei do que se trata
Mesmo assim não deixa de me faltar
Escapa entre meus dedos
Povoa meus pensamentos
Deixa meu corpo febril
Esvazia minha alma
Mas não sei o que é
Se não sei o que é não existe?
Se existe por que não encontro?
Perdi algo que nunca tive
Mas se nunca me pertenceu por que me faz falta?
Como pode o coração desejar algo que desconhece?
E entregar-se a ângustia por não o saber?
Como desejo esse algo!
Como me faz falta!
E não sei do que se trata
Mesmo assim não deixa de me faltar
Escapa entre meus dedos
Povoa meus pensamentos
Deixa meu corpo febril
Esvazia minha alma
Mas não sei o que é
Se não sei o que é não existe?
Se existe por que não encontro?
Perdi algo que nunca tive
Mas se nunca me pertenceu por que me faz falta?
Como pode o coração desejar algo que desconhece?
E entregar-se a ângustia por não o saber?
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Felicidade é... - Kleber Nunes
Felicidade é
Ouvir Nana Caymmi
Olhando o mar
Simplesmente admirar
Ou nele entrar
Mergulhar
Felicidade é
Deitar-se na areia
Olhar o céu azul
As crianças correndo
O sorvete chegando
O coco gelando
O vento soprando
E cochilar
Felicidade é
Acordar no fim da tarde
Ver o sol fugindo para o mar
A preguiça dominar
E ter alguém para amar
Renova-me - Kleber Nunes
Meu Deus quanta riqueza
Que a ferrugem não corrói
Que a traça não consome
Que o tempo não desgasta
Renova-me
Ensina-me a buscá-lo
Mostra-me do teu reino
Tua fonte inesgotável de vida
Permita regozijar-me com tua luz
Unir-me a ti em pensamento
Renova-me
Alivia minha jornada
Preciso de tuas mãos
Preciso estender-te as minhas
Sentir meu coração pertencer a ti
Encontrar em teu nome um abrigo
Renova-me
Cura-me a cegueira
Estabelece teu jardim em meu quintal
Permita que eu colha cada fruto
Alimente minha alma
E sacie minha fome de hoje e sempre
Em teu reino
Assinar:
Postagens (Atom)