sábado, 27 de janeiro de 2024

Três vezes amor – Kleber Nunes

 

Entre nós, o mar

Lindo, imenso, profundo...

Sobre nós, as estrelas

E seu luzeiro celestial

 

Eu de cá espero

Tu daí festeja

Eu de cá velejo

Tu daí navega

 

Eu de cá emano

Tu daí acolhe

Tu daí festeja

E eu continuo aqui

 

Entre nós, nem o mar

Lindo, imenso, profundo, insuficiente

Quanto as estrelas!

Temos a nossa

 

Ave Maria!

Nosso mar

Nosso céu

Nosso astro de luz própria

 

Eis a Santíssima Trindade



Terra - Caetano Veloso

Quando eu me encontrava preso

Na cela de uma cadeiaFoi que eu vi pela primeira vezAs tais fotografiasEm que apareces inteiraPorém lá não estavas nuaE sim, coberta de nuvens
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
Ninguém supõe a morenaDentro da estrela azuladaNa vertigem do cinemaMando um abraço pra tiPequenina como se eu fosse o saudoso poetaE fosses à Paraíba
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
Eu estou apaixonadoPor uma menina, terraSigno de elemento terraDo mar se diz: Terra à vistaTerra para o pé, firmezaTerra para a mão, caríciaOutros astros lhe são guia
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
Eu sou um leão de fogoSem ti me consumiriaA mim mesmo eternamenteE de nada valeriaAcontecer de eu ser genteE gente é outra alegriaDiferente das estrelas
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
De onde nem tempo, nem espaçoQue a força mande coragemPra gente te dar carinhoDurante toda a viagemQue realizas no nadaAtravés do qual carregasO nome da tua carne
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?
Nas sacadas dos sobradosDa velha São SalvadorHá lembranças de donzelasDo tempo do ImperadorTudo, tudo na BahiaFaz a gente querer bemA Bahia tem um jeito
TerraTerraPor mais distanteO errante naveganteQuem jamais te esqueceria?



Estrelas – Oswaldo Montenegro

 

Pela marca que nos deixa
A ausência de som que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta

Pela mágica do dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar

Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo que eu cantaria
E quando eu for embora, você cantará



A lista - Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Aonde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?



 


quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

CENTRO EDUCACIONAL LATINO AMERICANO


https://gvcentroeducacionalla.com.br/

R. Tobias Barreto, 464 – Mooca

(11) 2601-2008

Whatsapp: (11) 97502-0909

Email: contato@gvcentroeducacionalla.com.br

Lágrima - Roque Ferreira

Lágrima por lágrima hei de te cobrar
Todos os meus sonhos que tu carregaste, hás de me pagar
A flor dos meus anos, meus olhos insanos de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar

Cada ruga que trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração, morrer uma ilusão, hás de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar

A flor dos meus anos, meus olhos insanos, de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei de te cobrar
Cada ruga que eu trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração morrer uma ilusão, hás de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei de te cobrar...

Lágrima por lágrima.





sábado, 20 de janeiro de 2024

Quando eu crescer – Kleber Nunes

 

Não espero ser livre

Sempre serei escravo do meu querer

Espero ser eu

Sem personas adaptas, apenas eu

 

Quando eu crescer

Espero precisar menos de quase tudo

Saciar-me facilmente

Ter mais tempo para nada

 

Ser...

Amar...

Sentir...

Sem contrapartidas

 

Perceber o invisível

Ir além

Ainda que escravo do corpo

Transcender



Depois da chuva – Kleber Nunes


Sinta o cheiro do mato

Ouça os sons da natureza

O coração batendo; lembrou que ele existe?

Sim, ele está aí

 

Vê o horizonte?

O céu está alaranjado

O arco-íris

Respira...

 

Não esqueça quando se for

Leve de alguma forma

O céu alaranjado, o arco-íris, o canto dos pássaros...

Você vai precisar



Onde está Deus – Kleber Nunes


Quando olho de cima

Tudo parece tão pequeno

Vai e vem de corpos

Individualidades

 

Quando eu desço

Me misturo e percebo

O que era pequeno se torna menor

Incredulidades

 

O filósofo questiona

A fé afirma

A ciência investiga

Possibilidades

 

Afinal, onde está Deus?

Quando dói

Quando acaba

A tal felicidade

 

Está dentro?

Está fora?

No altar?

Ou na insanidade?

 

Está no alto?

Está aqui?

Sempre esteve?

Divindade, Realidade, o quê?



Do átomo ao anjo – Kleber Nunes

 

Tudo se encadeia

Ou não!?

Sei lá!

Parece certeza para alguns

 

E quando o anjo

De tão perfeito

Parece inalcançável

Distante como céu; longe...?

 

E quando de repente

Entre um reino e outro

No limbo de um não lugar

Do átomo não sobrou nada, e o anjo tornou-se ilusão?





sábado, 6 de janeiro de 2024

Feira de Mangaio - Petrobras Sinfônica e Lucy Alves (Sivuca / Glorinha Gadelha)

Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque, sai daqui, me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra Feira Dos Pássaros
E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Juá
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Juá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Farinha, rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pavio de candeeiro, panela de barro
Menino, vou-me embora, tenho que voltar
Xaxar o meu roçado, que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de Porcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar
Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de Porcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Ei, forró da muléstia!



Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque, sai daqui, me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra Feira Dos Pássaros
E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Juá
Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem Zefa de Porcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Eita, sanfoneiro da gota serena!



Naquela Mesa - Clube do choro de Betim - (Sérgio Bittencourt)

Naquela mesa, ele sentava sempre

E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa, ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor

Naquela mesa, ele juntava a gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala no seu bandolim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala no seu bandolim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala no seu bandolim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa, tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim