sábado, 9 de abril de 2011

Lábios que não se abrem, lábios - Henriqueta Lisboa

Lábios que não se abrem, lábios


Lábios que não se abrem, lábios
com seu segredo
calado
 

Segredo no ermo da noite
resiste à rosa dos ventos
calado.
 

Flauta sem a vibração
do sopro.
Luar e espelho, frente a frente,
em calada
vigília.
 

Fria espada unida
ao corpo.
 

Resto de lágrimas sobre
lábios
calados.
 

Borboleta da morte
em sorvo
pousada à flor dos lábios
calados
calados.

Publicado: A Face Lívida (1945)

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